quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

Contos Encolhidos- Chovemos

Stina Persson

Não foi uma gota num copo d'água, foi uma tempestade inteira.
Culpa dos olhos, que estavam mais encharcados que as nuvens cinzas de um céu de verão.

Bruna Guedes_

quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011

Contos Encolhidos: Meretriz Musical

Ela gostava de música. Boas e más músicas. Não importava, ela só  queria ouvir o cantarolar dos discos na sua vitrola antiga e dolorida. A meretriz escolhia um trilha pra cada noite do dia. Cada homem que na sua cama dormia, a ele  uma música dedicaria. 
Péssimo era que tanto as músicas boas, quanto as músicas ruins eram tristes, sempre tristes. Os intérpretes pareciam cantar lágrimas e sofrimentos. Dó-Ré-Mi-Fá-SÓzinha. Era assim que ela se sentia, e sentia isso com os ouvidos, em tons e timbres graves desprovidos de qualquer alegria.  


Bruna Guedes_

quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

Contos Encolhidos: Descolorindo Olhos

Ben Tour

Cores, tinha algumas, principalmente nos olhos; precisamente abaixo deles. As olheiras acompanhava-a todo santo dia, denunciando que bem ela não estava e nem se sentia. Mas aí, um belo dia, encontrou uma razão para sua vida. E descobriu que sonhar fazia bem e tentar realizar os sonhos lhe trazia uma alegria infinita. Dali em diante, perdeu o medo, a tristeza e, inclusive, as olheiras; e fez planos sob um céu escuro, mas cheio de estrelas.

Bruna Guedes_

terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

O dia em que comecei a ouvir melhor





Depois daquela água os meus ouvidos nunca mais foram os mesmos, porque comecei a ouvir as verdades da vida em tom mais alto e estridente. E agora, insuportavelmente, sei das coisas, porém, continuo sem falar delas.

Bruna Guedes_

quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011

O infinito das tuas pintas epiteliais

Ilustração Ben Tour


Tem amor? Tem amor?
-Tem sim, senhor!
Tem felicidade? Tem felicidade?
-Tem Doutor!
Tem mais o quê?
-Tem tuas costas que parecem
mais o céu; cheia de pintas na cor
marrom. De tantas, parecem ser infinitas,
assim como as estrelas.
Ah, as tuas costas, me faz bem olhá-las e,
principalmente, tocá-las. É como se céu fosse mais embaixo
e do meu lado. Aqui é o paraíso, o meu paraíso.
Cada vez mais penso, cada vez mais quero, cada vez mais sinto;
Cada vez mais vejo, cada vez mais me inspira essas tuas pintas.
E o doutor já disse: "sofres de paixonite crónica-permanente-vitalícia."


Bruna Guedes_