sexta-feira, 3 de setembro de 2010

A externalização dos tímpanos


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Aquela agonia posou em mim, decorada com flores do campo e com uma trilha musical que pode ser denominada como “melotriste". Não sei se é a TPM, talvez, não sei. A vontade de chorar só cresce, cresce. Já é adulta. Choro por quê? Porque tenho o que eu não tenho. Não se sabe. Podia ser uma onomatopéia, mas não, é uma personificação. As linhas vão sendo preenchidas como se o teclado tivesse vida- personificação, não sei o que escrevo, mas fica muito melhor com músicas nos ouvidos. Os ouvidos estão escrevendo agora, por isso não consigo ler o que está escrito, ouvidos não sabem ler, no máximo conseguem ficar surdos. Mas esse é vivo. Paisagens com ipês, sempre foram as preferidas do casal. Olho ao lado e parece que a imagem é repetida: Ouvidos e dedos ocupados no momento. Um trabalho duplal, ouvidos escrevendo com ajuda dos dedos. Não tenho mais tempo para ler. O corpo anda muito ocupado, os olhos estão cansados e as letras parecem pesadas. Preciso daquele livro. Aquele que você me deu de presente sem ser meu aniversário. Você adora me dar presentes. Guardo tudo numa caixa. Parece poesia. Às vezes tenho nojo de poesia. Parece tão falso. Não, não é a poesia. É você escrevendo com a ajuda dela. Deixa ela descansar em paz. Aqui jaz. Use as palavras, a sua tipografia. Me use. Me come! Te amo.Te acreditamos. Caminho nesse sol-chuva de setembro. O peito está cheio de cores/amores/dissabores. Preciso de um guarda-chuva. A tinta é guache. Vai desbotar meu coração. Não, baby, não vá embora. Fique. Adeus. Nos vemos em agosto. Mas o mês 08 não presta. É triste e úmido. Culpa das lágrimas. O papel também é úmido, eu sei. Culpa das lágrimas que choram pelos meus dedos. Escrevo triste. A culpa é dele que têm olhos de açúcar. Quem mandou olhar para os meus olhos de soro caseiro. Água ; sal; açúcar. Mais água. Incólume. Mentira. Não foi salva. Olha o peito dela cheio de cicatrizes. Posso dormir? Não. Você ainda tem que ficar aqui. Sofra de sono. - mas eu já coleciono tantos sofrimentos. Me deixa dormir, quero sonhar. Essa não é parte boa da vida? Não é por isso que vivemos, porque acreditamos que vamos realizar todos aqueles sonhos. Que bobagem. É o eufemismo da vida. Ela é eufêmica. Sua Puta. Mas só assim conseguimos viver- sonhando, acreditando e depois nos iludindo, até encontrar um novo sonho para acreditar. O ciclo se inicia novamente. Quão burros nós somos, né? Merda. O telefone tocou. Pensei que fosse você. Sai daqui rima, você vicia. Essa vaca adora aparecer por aqui. Queria decorar um dicionário. Alguém perguntou se quero fazer um curso de letras? Não?! Mas então, eu quero. Têm poucos sinônimos por aqui. Gosto de palavras velhas. Já vovós. Mas elas estão se embalando no dicionário e tomando um cafezinho todo fim de tarde. Agora podia ser o “The End” do texto. Mas nem falei de Deus ainda. Que Pecado. Preciso ir à missa. Ela é a minha terapia dominical em grupo . Hoje o pai faz aniversário. Queria dar a ele um pedaço de bolo. Não lembro de ter “assoprado” velas com ele. O que acontece com uma pessoa que nunca assoprou velas na vida? É infeliz?- Talvez. Deus é maravilhoso. Ele me deu amor. Ai, que vontade de chorar. Olho uma pintura parisiense; tem um par de amorosos ensaiando uma dança. Mas eles não estavam ali, eles não existem, foi só alguém que quis que aquele momento existisse, que aquele casal fosse real. Partiu.
Ele é o amor da minha vida ou é um amor na minha vida?[Silêncio].A música acabou, e eu nem sequer falei de nós. Tudo bem, amanhã a banda vem tocar de novo.



Bruna Guedes_

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